Para entender porque chegamos a isso, vamos dar uma olhada na história da internet: Khoi Vinh, designer gráfico e diretor de design da Adobe, conta sobre o amanhecer da internet, na década de 90, onde cada página era como um canva em branco e não existiam guias ou instruções de como criar interfaces ou organizar informações.

Para os designers da época que caíram de paraquedas nesse novo mundo, foi como experimentar a verdadeira liberdade criativa, ainda mais com ferramentas como o flash.

O fato era que o design era reinventado constantemente, quase como uma tarefa natural feita a cada 6 meses. Essa cultura foi atraindo cada vez mais designers e desenvolvedores para atuar no mundo da tecnologia.

Diferente de hoje, o que os designers faziam nessa época era basicamente importar os seus conhecimentos do mundo dos impressos para as telinhas digitais (já sabe porque tinha tanta cor nas telas agora né?).

No mundo atual não emulamos sistemas offline, mas sim nos adaptamos e desenvolvemos maneiras de descobrir como criar designs no mundo digital que façam sentido para o tipo de usuário que queremos atrair.

O mundo digital de hoje é dinâmico, intuitivo e objetivo. Criado nos moldes dos testes de usabilidade e daquilo que gera mais conversões e conclui compras.

A poucos anos de distância da era flash, mas muito longe das definições liberais da internet (aliás, enquanto surfava na nostalgia da web 1.0 encontrei uma pérola preservada pelo tempo. É o site original do filme Space Jam de 1996)

Mas por que tudo é idêntico hoje?

Um dos motivos mais razoáveis de termos tantas interfaces idênticas é a visão mais afiada sobre o design que as pessoas em geral estão tendo. Isso acontece com mais facilidade hoje porque muitos projetos criativos de qualidade são compartilhados pelo mundo todo através das redes sociais.

O resultado desse feedback em tempo real é a criação de tendências altamente replicáveis em interfaces digitais. Basicamente, o que funcionou para determinado artista, tem a chance de funcionar para você também.

Além disso, estamos mais próximos da informação. Por isso, empresas que procuram resultados efetivos e de baixo risco, vão sempre olhar para o design que já funciona e tentar replicar com o seu próprio conteúdo.

Isso é ruim?

Não necessariamente. Essa geração de designs de tendência, similares entre si, também podem ser explicadas como um indicativo positivo, de que nós como coletivo estamos falando a mesma língua do design, buscando criar soluções visuais que funcionam, com mais clareza e objetividade. Tornando o palco digital mais profissional e intuitivo.

E essas mudanças não diminuem a capacidade criativa do designer. Essas guidelines replicadas são uma maneira de testarmos novos conceitos com segurança, tendo a possibilidade de testar novas hipóteses dentro de uma fundação que já funciona, evitando a pressão de querer entregar um produto original, dentro do prazo, e que funcione.

Mas fica o alerta: Todo design está sujeito a efemeridade da sua época. Então, por mais bonito e intuitivo que o design possa parecer hoje nos meios digitais, sempre existe espaço para melhorias.

Por isso, é importante entender o que essas similaridades significam para o mercado do design, e saber como usar essas tendências a seu favor, para que você possa aproveitar mais o seu tempo como profissional criativo, desenhando para futuras possibilidades que o mundo digital pode nos oferecer.

Referências

• fast company
• User Friendly: How the Hidden Rules of Design Are Changing the Way We Live, Work, and Play