Como empoderar uma organização através do design?

Em contraste a um mercado em crise, existe uma forma de trabalhar com o design para a obtenção de resultados reais e a geração de poder genuíno para uma organização. Confira qual é!
Viktor Dopke | 22 de fevereiro de 2022

O design pode gerar mudanças positivas e desenvolver um negócio além do esperado, mas, para que isso aconteça, precisamos entender alguns aspectos que o tornam uma ferramenta útil para empresas - e não um produto em crise.

Tem muito conteúdo bonito na internet, só que o design como ferramenta de decoração não é capaz de promover aquilo que é esperado por uma organização. Aqui estão alguns motivos pelos quais agências de design/branding/marketing acabam danificando a imagem do design como ferramenta de resultados.

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Muito jargão e pouca ação em nível fundamental

Sabe aquela reunião na qual mais da metade dos convidados não faz parte do time de design, mas é obrigada a ouvir termos como branding, heurística, benchmark etc? Então, muitas vezes nos esquecemos do público para o qual estamos apresentando as ideias e de explicar como elas atribuem valor real para as partes interessadas que estão ali na call.

Quando isso acontece, o resultado é quase sempre outra reunião ou o total desinteresse das áreas da organização de fazerem parte das ações.

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Empresas grandes com processos “infalíveis”

São organizações de grande porte que vendem na internet processos infalíveis para o trabalho com design. Você talvez até conheça algumas delas. No entanto, cada projeto é um novo desafio, e as metodologias que conhecemos só podem ser aplicadas como uma ferramenta para que o designer torne um projeto mais claro e objetivo.

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Cases falsos e touchpoints inventados

Hoje em dia é fácil encontrar, em portfólios de design, projetos que se dão muito bem com a narrativa daquela empresa, mas que nunca foram validados ou sequer expostos ao mercado real.

Isso cria uma sensação falsa de que o design foi a solução daquele caso e acontece quando organizações insistem em usar o design como palco para que designers ganhem reconhecimento e alcance, enquanto seus clientes reais não percebem resultados.

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Visão romantizada dos consumidores

Os comportamentos e as motivações de uma pessoa são muito mais complexos do que imaginamos. A questão é que muitas organizações subestimam o consumidor e romantizam o usuário final. O resultado dessa estereotipação se mostra em soluções cegas para usuários que não existem, o que não gera tipo algum de valor no mercado real.

Para escapar dessa tempestade de maus exemplos, precisamos ir além da visão “decorativa” que o design oferece e focar no que pode gerar poder para uma empresa.

Como empoderar uma organização através do design?

Em contraste a esse mercado em crise, existe uma forma de trabalhar com o design para a obtenção de resultados reais e a geração de poder genuíno para uma organização.

Um projeto de design bem-sucedido é aquele capaz de mudar a realidade de uma companhia. De acordo com Jaako Tammela, diretor de CX e design da DASA, o design vem com a missão de colocar as pessoas no centro das decisões, redesenhando produtos e canais de forma estratégica e operacional. E muitas vezes os caminhos para o sucesso desse redesenho vêm das visões de outros setores de uma empresa.

Por isso, para centralizar uma organização, precisamos mapear as suas relações de interdependência e entender como um projeto pode fortalecer todos os setores de maneira igualitária, fazendo com que todos os operadores possam dar poder ao design daquele projeto.

Mas atenção: quando temos a chance de influenciar uma organização, podemos gerar consequências boas e ruins. Uma solução de design, por exemplo, pode ser uma benção se ela empoderar todas as partes interessadas, mas uma maldição se destruir o poder dos outros, causando resistência, sabotagem e boicote à solução.

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Relações de interdependência são mais complexas e humanas do que apenas níveis hierárquicos. As vezes a pessoa responsável por fazer o projeto acontecer pode nem sequer estar por dentro do assunto. Isso é um caso clássico de resistência dentro de uma organização.

A maldição acontece quando minimizamos a função de um determinado setor. Nesse caso, estamos afetando negativamente uma organização, gerando resistência àquela mudança. Pode até passar pela cabeça que você não está fazendo o seu trabalho direito ou que a solução apresentada não faz sentido, mas, muitas vezes, estamos falando de uma mudança que desconsiderou uma área importante dentro da companhia.

Por esse motivo, ao desenhar soluções para um sistema, é importante empoderar todas as partes do processo, de modo que o projeto seja escalado para todos os setores, alimentando uma cultura de colaboração.

Em suma: para desenvolver sistemas bem-sucedidos por meio do design, é preciso ter a oportunidade de causar mudanças de dentro para fora. O poder do design vem de entender as dinâmicas interpessoais de uma organização e causar transformações que empoderem todas as partes interessadas desde o nível mais técnico de uma operação até o consumidor final.

Fontes:

Viktor Dopke
Formado em Cinema e graduando de Arquitetura. UX Designer. Nas horas vagas, gosto de marcar festas secretas para viajantes do tempo.