Se você chegou até esta publicação provavelmente já conhece o termo “Design Sprint” ou se deparou com ele no desenvolvimento de algum produto.
Ele se refere a um tipo de metodologia que se destacou e ganhou muitos adeptos nos últimos anos por ser uma metodologia ágil — tudo acontece em um período de apenas cinco dias! — para conceituação, ideação, criação de funcionalidades e teste de implementações.
Quer entender mais sobre esse processo, para que ele serve, como ele pode ser aplicado ao desenvolvimento de software e como ele pode beneficiar seu projeto? Continue lendo o artigo que preparamos.
O nome “Design Sprint” combina duas palavras em inglês que dizem bastante sobre como o método funciona: design (relacionada à projeto, construção, desenho) e sprint (relacionada à velocidade). A metodologia foi criada pelo Google Ventures, departamento de investimentos de capital de risco da Alphabet Inc e Google, para agilizar os projetos e validar os negócios antes dos investimentos maiores de tempo e outros recursos.
Hoje ela é uma das opções mais utilizadas entre as metodologias para desenvolvimento de software.
Em um curto espaço de tempo e com um trabalho intenso, a metodologia de Design Sprint reúne diversos profissionais, focados durante cinco dias na avaliação crítica e desenvolvimento de um projeto, de forma prática e focada na experiência do usuário.
O papel do Design Sprint no desenvolvimento de produtos é atuar na concepção, ideação, construção, além de prevenir falhas e antecipar pontos de melhoria antes da implementação do produto final.
Dentro da metodologia existem etapas como planejamento, prototipagem e testagem, com características muito bem definidas de interação, praticidade e colaboração.
A metodologia é realizada em uma única semana. Em cada um dos cinco dias que compõem a metodologia de Design Sprint é feita uma atividade diferente e é isso que vamos ver em detalhes agora:
O dia 1 da metodologia começa com a equipe envolvida no projeto fazendo uma imersão. Aqui, todos entram em contato com o projeto, entendem as definições e objetivos e externam o que sabem e pensam sobre o objeto pretendido.
Nesse momento devem ser propostos questionamento e atividades que facilitem a todo time compreender o projeto - afinal, para que ele seja desenvolvido com sucesso é preciso que todos estejam alinhados. É importante também questionar pontos como as métricas de acompanhamento, quais as dores e necessidades do usuário e discutir como será o produto final.
Essa etapa é caracterizada por muita troca, principalmente entre perfis diferentes de profissionais envolvidos, já que o conhecimento e ponto de vista de um designer provavelmente vai ser diferente do gerente de produto, que por sua vez também terá análises e insights diferentes de um desenvolvedor de software, por exemplo.
Explorar as ideias: é para isso que o tempo do dia 2 da metodologia se dedica.
Entretanto, é importante dizer que essa fase não é igual a um brainstorm, em que toda a equipe se reúne e discute as ideias em conjunto.
Na verdade, como parte da proposta da metodologia de Design Sprint, que acredita que as melhores ideias e soluções aparecem individualmente, cada membro da equipe vai focar no tipo de trabalho que sabe desenvolver melhor de acordo com as suas experiências e expertises, atuando dentro da parte que lhe compete. Se a parte escolhida for muito grande, cada um fica responsável por uma sessão. Mas não é uma regra, as pessoas podem desenhar - de forma individual - uma mesma parte.
Depois, as ideias são apresentadas e discutidas com todo o grupo. Então, aquelas que melhor se encaixarem na proposta do produto são discutidas e alinhadas.
Depois da imersão e do desenvolvimento das ideias e projeções para o projeto, chegou a hora de selecionar em quais delas o tempo será investido a partir de agora.
Na fase três, as escolhas são feitas, e detalhes como os storyboards e mapas de jornada do usuário são desenhados. É hora de tomar todas as decisões para que seja possível transformar as ideias em um projeto protótipo que possa ser testado - vamos retomar esse assunto mais além!
A penúltima etapa é a etapa da mão na massa. No início do dia devem ser definidas as atribuições, responsabilidades e prazos. Aqui, a produtividade dos profissionais envolvidos na equipe é exigida no seu nível máximo para que as soluções sejam de fato criadas.
Uma parte da equipe fica responsável pelo desenvolvimento do protótipo e outra parte fica responsável por criar os roteiros e testes que serão realizados na última fase. É preciso contar com profissionais para todos os componentes do projeto em questão, com pelo menos uma pessoa em cada função: designer, writer, asset collector (quem garante que tudo o que está sendo produzido está disponível para o próximo passo), stitcher (responsável por unir todas as peças do quebra-cabeças) e interviewer (quem prepara os testes, entrevistas e demonstrações do produto).
No começo do dia, cada profissional deve trabalhar individualmente, altamente focado na sua responsabilidade e, depois, de acordo com as características de cada projeto e equipe, as partes vão se somando para criar a versão completa. Até o fim do dia de trabalho o protótipo básico testável e de alta fidelidade do produto precisa estar pronto e para ser testado. Vamos à próxima fase!
A última etapa do processo de Design Sprint é a fase de testes para validação do que foi desenvolvido durante toda a semana. Aqui também deve ser realizada o registro das conclusões do processo e dos testes.
A equipe responsável pelo desenvolvimento do protótipo faz a apresentação do produto e a equipe que tinha ficado responsável pelo desenvolvimento dos testes começa a aplicá-los com usuários potenciais.
Ao final dos cinco dias de trabalho é possível contar com uma versão protótipo do produto, já testado por usuários e que dará todos os direcionais necessários para a continuidade do projeto. Essa etapa garante que a solução seja colocada em prática, possibilita a interação do usuário com o produto, além da geração de dúvidas, feedbacks e possibilidade de enxergar pontos de melhoria.
É claro que o trabalho não acaba por aí! A primeira semana é só o começo da criação de um novo projeto. A virada de chave também é muito importante. Se nos dias de Design Sprint a equipe trabalha em velocidade máxima, no desenvolvimento posterior com base em tudo que foi levantado até aqui, o ritmo deve diminuir. São fases diferentes e que exigem mentalidades diferentes também.
Agora você já sabe como funciona o Design Sprint e o que é feito em cada um dos dias que a metodologia propõe. Se você trabalha com desenvolvimento de software já deve ter imagino como ela pode ser aplicada na construção de um sistema, produto ou solução de tecnologia, não é mesmo?
Ao reunir os profissionais como o gerente de produto, os designers, os UX writers e os engenheiros de software, as etapas podem ser alinhadas, as ideias levantadas e as dúvidas discutidas de forma ágil. A participação de outros especialistas - como a metodologia chama os profissionais envolvidos - é muito importante. Por exemplo, digamos que o produto criado abrange a área de transporte público. Em um casos como esse é fundamental envolver o responsável pelos motoristas, um especialista em urbanismo, etc.
O foco no usuário está presente no desenvolvimento desde o começo do sistema. Além disso, ao fim de uma semana já é possível ter em mãos um protótipo testado e fiel ao produto que se almeja desenvolver ao longo de semanas ou meses. Também não é necessário aguardar o MVP para levantar pontos de acerto e pontos de melhoria (o que não significa que o MVP não será desenvolvido depois ou que novos insights não irão surgir durante essa outra fase).
Listamos aqui alguns pontos da metodologia Design Sprint que podem ser adaptados para o desenvolvimento de software para trazer resultados ainda mais positivos:
A metodologia de Design Sprint faz parte do desenvolvimento de produtos e se destaca por oferecer resultados positivos em tempo recorde, alinhando forma e função.
Selecionamos aqui os principais pontos para fazer com que você considere investir na metodologia Design Sprint no seu próximo projeto:
Com a metodologia ágil proposta para o desenvolvimento de software e a divisão das etapas em dia da semana, cria-se um senso de urgência e o desenvolvimento rápido do protótipo tem prazo para acontecer. A agilidade do ponto de partida do projeto é um dos principais fatores que fez com que o Design Sprint fosse adotado por tantas empresas.
Apesar de ser uma técnica com regras, etapas e prazos bem definidos, o Design Sprint é uma metodologia simples e que pode ser realizada por qualquer time, para diferentes tipos de projetos. A baixa complexidade é muito efetiva, pois a curva de aprendizado é mais uma curva de adaptação à uma forma diferente de lidar com o projeto nos primeiros dias.
Com a prototipagem do projeto e testes realizados ainda nessa primeira fase, as chances de erro no posterior desenvolvimento são diminuídas. Também, os questionamentos e alinhamento de toda a equipe são melhores resolvidos se o projeto passa por essa metodologia inicial de Design Sprint.
Da mesma forma, como as problemáticas do projeto também são minuciosamente exploradas na primeira semana, a antecipação de que tipo de melhoria pode ser feita é outro ganho muito interessante que a metodologia oferece. Um ponto que auxilia ainda mais nessa antecipação é a testagem do protótipo já por usuários em potencial, o que traz muitas respostas para o time responsável por dar sequência ao projeto até a entrega do mesmo.
E então, foi convencido a utilizar a metodologia do Design Sprint no desenvolvimento do seu próximo projeto? Esperamos que este conteúdo tenha te ajudado a entender mais como ela funciona e como aplicá-la nos seus novos desafios.