De acordo com o Harvard Bussiness Review, poucos líderes acreditam que a habilidade de fazer boas perguntas deve ser cultivada ou consideram suas próprias soluções como uma parte mais importante do que o problema para construir relações profundas com os seus clientes. A verdade é que, ao perguntarmos mais, estamos treinando o “músculo” da curiosidade, um treinamento cujos resultados podem ir muito além do problema imposto e podem alimentar uma cultura duradoura de boas perguntas.
A capacidade de fazer boas perguntas vem da nossa curiosidade, que nasce com a gente, mas que vai ficando cada vez mais fraca ao longo dos nossos anos de adolescência, momento em que queremos nos parecer com os outros e nos “encaixar”. No entanto, saber perguntar é uma habilidade muito valorizada ao longo do nosso caminho profissional. A pergunta é: como podemos ser (e continuar sendo) curiosos no nosso cotidiano?
Primeiramente, é natural que desejemos ter todas as respostas. Normalmente, somos recompensados na nossa sociedade por termos respostas. O que faremos quando crescer? Qual é a resposta certa? A ou B? Isso se torna um indicador de que estamos sendo bem-sucedidos.
Só que existe um padrão um pouco mais profundo, no qual ter respostas alimenta o ego, te faz parecer “quem salva o mundo” e te dá a impressão de que você está no controle.
Embora querer dar respostas certas nos dê uma sensação aparente de segurança, existem três motivos muito bons para você atrasar um pouco seus conselhos e tentar procurar entender melhor as perguntas:
Quase sempre, o primeiro desafio que é trazido à mesa não é o desafio real, mas uma aposta de que, dentro de vários sintomas implícitos, aquela é a razão principal de um questionamento - o que significa que, ao sair dando conselhos, você está solucionando o problema errado.
Seu conselho, quase sempre, não vai ser tudo aquilo que você imagina que é quando é trazido para aquele problema. Isso porque nos convencemos que somos mais afiados para uma questão do que verdadeiramente somos (cognitive bias).
Mesmo você tendo uma resposta melhor, ou mais viável, ainda assim, parando para ouvir e perguntar, você engaja um grupo e estimula a criação de ideias colaborativas, empoderando o seu time de criação e facilitando a cocriação de uma solução.
Mas e se eu não for compreendido? Será que eu vou entender a resposta dessa pergunta? Essa discussão faz sentido? Se você tem essas dúvidas, parabéns! Isso significa que você está abrindo mão da solução na sua cabeça e empoderando outras partes interessadas na criação desse projeto.
Esse sentimento é fundamental para enfrentar uma visão engessada de um negócio e abrir caminho para uma visão compartilhada sobre o que precisa mudar em um produto.
Aliás, cuidado com conselhos disfarçados de solução, como “você já tentou fazer isso?” ou “você já pensou em ser desse ou daquele jeito?” Essas questões também devem ser consideradas como conselhos e serem deixadas para um outro momento.
Fazer boas perguntas diferencia a sua participação de uma prestação de serviço mecanizada. Demonstrar pouca atenção a perguntas e pular para a fase de solucionar os problemas pode fazer você parecer desinteressado com o seu desafio, e seu serviço pode acabar sendo inútil para a situação exigida.
Por fim, fazer boas perguntas também é um indicador de que você não está a fim de perder o seu tempo (nem o do seu cliente). Pense nisso!