Como medir inovação? Quais as métricas de inovação corretas para cada cenário? Estas perguntas podem ser uma verdadeira charada para muitas lideranças, afinal, como calcular algo tão imaterial e subjetivo? Talvez seja quase a mesma coisa que perguntar: Como medir a criatividade? Será que a minha empresa é mais criativa, ou mais inovadora que a concorrência? E o que determina isso no final das contas? O mercado, minha própria empresa ou meus clientes?
Você pode acreditar que a quantidade de novas ideias pode servir como indicador, mas métricas como essa (conhecidas como métricas de atividade, ou de input), não validam muita coisa.
Na verdade, estes são os dados mais fáceis de se obter - e também os mais convenientes. Porém, inovar pouco tem a ver com facilidade ou conveniência. Inovação precisa gerar valor. Do contrário, é apenas vaidade.
Alex Goryachev, Chefe de Inovação da CISCO, comentou que 'a inovação precisa ser mensurada, mas muitas empresas medem a coisa errada’, se concentrando apenas no que ele chama de ‘métricas de atividade’ ao invés de também avaliar as ‘métricas de impacto’.
Mas, o que seriam esses índices? Como distinguir um do outro?
E o mais importante: quais indicadores de inovação escolher para medir os resultados?
Para começar, vamos conhecer as nomenclaturas, depois, quais números podemos coletar para medir a inovação e obter insights.
Nós poderíamos dividir as métricas de inovação em duas frentes: métricas de atividade (ou de processo) e métricas de impacto, que também são conhecidas como métricas de entrada e métricas de saída.
Se você acompanha conteúdos em inglês, vai ouvir falar em lead measures e lagged measures, ou input metrics e output metrics.
Seja como for, o conceito é o mesmo: de um lado temos os indicadores das atividades que podem levar a um determinado resultado, e do outro indicadores que mostram o efeito direto no resultado.
Ou seja, enquanto as métricas de atividade não garantem resultados, as métricas de impacto demonstram o quanto uma ação foi eficiente ou não.
Sua empresa pode ter gerado 500 novas ideias no último ano, mas se nenhuma delas foi testada e validada, por que você as teve?
Você pode ter realizado 10 hackathons, reunindo mais de 200 pessoas em cada um deles, porém se isso não te ajudou a resolver algum problema e atrair novos talentos, não quer dizer que tenha sido um sucesso.
Por isso dizemos que os indicadores de atividade são vaidosos. Ter novas ideias é relativamente fácil. Testá-las e validá-las já é outra história. Os indicadores de saída são brutalmente honestos, ainda mais no início de um empreendimento. Mesmo assim, são essenciais para a tomada de decisão.
Entre métricas de entrada e métricas de saída, fique com as duas. Isso mesmo: você só terá uma visão do todo se avaliar e confrontar essas duas frentes.
Mas, atenção: cada empresa deve possuir seus próprios indicadores. Não siga fórmulas prontas.
Outro ponto importante é não confundir métricas de inovação com métricas de desenvolvimento de software. Ambas são de grande importância e certamente serão valiosas quando analisadas lado a lado.
Para um negócio de grande porte faz sentido analisar quantos novos projetos foram lançados nos últimos meses. Por outro lado, esta métrica não é interessante para empresas de menor porte, que possuem uma verba muito mais enxuta.
No caso das startups, medir resultados pode não fazer sentido logo no início da jornada, já que as perspectivas de retorno são de longo prazo. Porém, evidenciar quantidade de horas dedicadas à inovação, número de novos colaboradores e o valor de captação de recursos é muito mais interessante.
Se você está em dúvida de quais indicadores escolher, aqui vão algumas sugestões:
Número de novas ideias x Número de ideias testadas e validadas;
Número de áreas diferentes sugerindo novas ideias x Iniciativas que saíram do papel;
Quantidade de ideias selecionadas x Custo por aprendizado;
Quantidade de ideias x Velocidade de implementação;
Quantidade de demos do novo produto x Crescimento da carteira de clientes;
Número de novos usuários/clientes x Custo de aquisição de novos entrantes;
Número de parcerias de negócios x Redução de custo a partir da inovação;
Número de colaboradores treinados x NPS de clientes com novos produtos;
Conhecimento adquirido x Capital necessário;
Dissolução do departamento dedicado à inovação x Crescimento da contribuição em todos os outros departamentos;
Outra forma de escolher os melhores indicadores de inovação para seu projeto é de acordo com o tipo. Neste conteúdo, vamos abordar 5 deles, que combinam métricas de entrada e métricas de saída.
Vale lembrar que métricas com um viés social e ambiental, por exemplo, podem fazer sentido para o seu negócio e deverão fazer parte da sua análise.
Os 5 tipos de métricas de inovação que vamos olhar mais de perto serão:
Se referem às habilidades (principalmente práticas) que a empresa tem para criar e gerenciar a inovação. Somado à elas temos o know-how e os insights dos colaboradores, o conhecimento adquirido e também os investimentos necessários.
Caso seu objetivo seja medir a capacidade de inovação, você pode olhar para tudo o que é necessário para isso e utilizar esses recursos como indicadores de desempenho.
A estrutura de uma empresa envolve tanto a parte organizacional, quanto processos, recursos e demais ferramentas necessárias para gerir a inovação. Estes indicadores devem mostrar a alocação de recursos, o processo de lançamento, a velocidade dos testes das novas ideias e o quão eficiente é a administrar tudo isso.
Nesse ponto temos como métricas de atividade a quantidade de novas ideias que saíram da cabeça do seu time, por exemplo. Você pode confrontá-las com o envolvimento dos colaboradores na hora de colocá-las em prática, que seriam as métricas de saída.
As lideranças têm um papel fundamental na inovação porque, se não estiverem comprometidas, dificilmente o restante da equipe se sentirá motivado para seguir adiante. Por tanto, estas métricas devem constar no seu relatório. Você pode, por exemplo, verificar quanto tempo foi investido em inovação estratégica ou quantos executivos estão recebendo treinamentos específicos sobre inovação.
Por último, mas não menos importante, temos as métricas de negócio e de produto, que avaliam em geral o retorno sobre o investimento (ROI). Número de produtos lançados, número de vendas, patentes adquiridas e novos mercados entram aqui.
Falando em inovação, medir o ROI pode ser uma tarefa não tão simples, por depender de muitos fatores, logo além de analisar o ROI, também precisamos definir OKRs, sigla para Objectives and Key Results, ou ‘Objetivos e Resultados Chave’. Aqui a ideia não é avaliar somente o resultado final, mas todo o processo.
As OKRs funcionam da seguinte forma: para cada Objetivo temos de 2 a 5 Resultados Chave, que irão indicar se ele foi mesmo atingido ou não. Por exemplo, digamos que a meta da sua empresa seja crescer X% ao ano, para isso, poderíamos ter como Resultados Chave uma redução de turnover e aumentar a satisfação dos colaboradores.
Empresas inovadoras preferem trabalhar com OKRs porque as metas são de curto prazo e os resultados são avaliados periodicamente, o que permite corrigir a rota mais depressa sempre que necessário.
As métricas ágeis de desenvolvimento de software também podem contribuir para a avaliação do quanto uma ideia / produto / negócio é inovador. Aqui na ateliware, utilizamos os seguintes indicadores:
Este indicador de entrada relata, de maneira resumida, o desenvolvimento de uma frente para tomada de ação executiva e/ou operacional.
Métrica de saída que aponta as dificuldades encontradas pelo caminho, soluções que destravaram o desenvolvimento e análise do envolvimento de terceira parte.
Métrica de impacto que pode ser analisada toda semana, a cada quinze dias ou mês a mês. Aqui verificamos a capacidade da equipe, volume de tarefas concluídas versus qualidade do que foi produzido.
Métrica de output que mostra a quantidade geral de entregas com uma análise do impacto de cada fase das atividades no desenvolvimento do projeto ou produto;
Utilize essa métrica de input para avaliar, por exemplo, qual é a probabilidade de se concluir um MVP em certo período, considerando o histórico recente de atividades.
Leia também: a importância das métricas ágeis no desenvolvimento de soluções digitais.
Existem várias formas de medir a inovação. O desafio, porém, está em encontrar quais métricas de atividade e quais métricas de impacto fazem mais sentido para o seu projeto.
Para eliminar quaisquer dúvidas, você precisa se perguntar: qual é o meu maior objetivo? Onde eu quero chegar com tudo isso?
É óbvio que a sua meta não é simplesmente criar novos produtos. Você quer expandir sua atuação no mercado, conquistar uma fatia maior e, claro, aumentar suas vendas.
Da mesma forma, ao realizar um hackathon, por exemplo, seu objetivo não é apenas terminar o dia com 10 ideias novas. Você quer transformar a cultura da empresa, atrair novos talentos, engajar colaboradores ou, até mesmo, posicionar sua marca.
Nestes dois casos existem indicadores que podem te ajudar a metrificar o seu esforço - e provavelmente você já conhece alguns deles.
Portanto, todo projeto de inovação precisa ser significativo, ou seja, ter um objetivo, um propósito bastante claro. Sempre que houver alguma incerteza, reflita: o que vai acontecer se não seguirmos adiante com essa iniciativa?
A partir dessa reflexão você saberá se vale a pena ou não ir em frente, e quais indicadores de inovação devem ser incluídos na análise.
Algumas empresas ainda utilizam o velho ‘funil de inovação’, incentivando seus colaboradores a terem 300 ideias para, então, filtrá-las e colocar algumas poucas e boas em prática. Se for o seu caso, tenha sensatez na hora de praticar essa metodologia porque uma cultura de inovação visa a qualidade e não a quantidade. Estimule seus colaboradores a serem pró-ativos quando surgem oportunidades no dia a dia, e não apenas a cumprir com a tarefa de gerar X novas ideias ou Y novos produtos por mês.
Em suma: tudo bem medir a inovação a partir das métricas de atividade (ou de entrada). Só não se esqueça que o que realmente irá validar seus esforços são as métricas de impacto.