Inovação ou morte!? Mude para não ficar pelo caminho

Pensar inovação e transformação digital não é simplesmente passar a usar o Slack e alguma ferramenta de kanban, tampouco cada colaborador ter seu próprio computador ou tablet. Identificar oportunidades ou problemas e conseguir soluções que irão otimizar um ou mais processos são a chave da conquista dos novos desafios.
Pedrão Oliveira | 15 de setembro de 2020

A sobrevivência de muitos negócios está diretamente relacionada à transformação digital e à inovação, à mudança de pensamento estratégico. Além de atender necessidades internas, esse processo pode identificar novas oportunidades de negócio, incluindo a atuação em novos segmentos e mercados antes considerados inalcançáveis.

Para tanto é preciso quebrar paradigmas e entender que a saída é via pluralidade: quanto mais pontos de vista diferentes, melhor. Às vezes a grande ideia ou sugestão virá de alguém com pouca experiência, mas com grande potencial cognitivo e inteligência analítica.

Independência, autonomia e controle

Às margens do rio Ipiranga em São Paulo ou às margens do rio Barigui em Curitiba, todas as instituições estão gritando tal qual Dom Pedro fez naquele fatídico dia 7 de setembro em 1822: “O caminho é esse ou estamos fadados à morrer!” (sic.)

Agora, mais do que se libertar das amarras da colonização, as organizações sociais querem fazer diferente neste novo milênio ao se livrar das ‘garras’ da gestão cartesiana e taylorista que dominou o mundo corporativo-governamental por tanto tempo.

Obviamente só chegamos até aqui por conta dos processos e escopo, mas agora a realidade é outra e ela pede uma nova postura frente à rotina de trabalho em execução de serviços ou construção de produtos digitais.

Isso não quer dizer falta de disciplina, muito pelo contrário, pois prevê controle contínuo e cíclico para transformar as questões subjetivas de negócios em operações amigáveis aos usuários finais, sejam eles outras empresas, times internos ou consumidores finais.

São loucos os que pensam a inovação / transformação como única melhor saída?

Se forem considerado "malucos" os que acreditam nisso… muito prazer, ateliware!

Já construímos produtos como Pipefy​ e minestore​, e estivemos no Vale do Silício, em 2016, com os times de design e desenvolvimento por meses que valeram como anos de aprendizado.

O mundo está ‘recheado’ de “doidos” como nós. Somos fãs de empresas como Spotify, famosa pela sua gestão de squads, Valve com seu gerenciamento descentralizado de atividades corporativas, e a ‘gigante’ da inteligência em gestão  Basecamp, a companhia calma. Aplicamos essa lógica de pensar negócios e produtos digitais em nossos clientes desde o início de nossas atividades no começo da década passada.

Inovação na prática

Mas, como levar inovação e transformação digital para empresas com perfis tão distintos quanto startups e multinacionais?

A resposta está na quebra de hierarquias, seguindo a lógica de redes.

Comece pela descentralização dos times, distribuindo responsabilidades e atividades. Nesse cenário, o líder é o facilitador do processo e atua como player ativo, contribuindo na execução tanto quanto os outros membros da equipe / squad / grupo ou como queiram. Isso vale para desenvolvedores e também para designers de experiência e interface.

Também podemos aprender com diferentes metodologias ágeis e adaptá-las, a fim de criar um framework de trabalho proprietário.

Quanto ao desenvolvimento de uma solução, tudo começa com o ‘combinado’ estabelecido que, apesar de perseguir algo maior, irá vencer pequenas etapas uma a uma. Qual é o mínimo viável para testar determinado produto em sua razão de ser / existir?

MVP ~ emevipi ~ não é só uma sigla hype

É importante saber o ‘porquê’ (motivo), pois mirando no ‘que’ (produto / serviço) vamos entender melhor o ‘como’ (formato, fluxos e interações) ao trabalhar e trocar informações constantemente.

A partir deste mínimo viável do produto conseguimos provar o valor da ferramenta / plataforma / software. Progredimos e aumentamos  a profundidade na qual conhecemos tanto o produto quanto seus usuários. Melhorando a cada entrega, que acontece assim que a ‘feature’ está pronta - e não em rotinas pré-estabelecidas de lançamento.

Ou seja, buscamos experimentar com olhos atentos às necessidades de quem vai usar aquela plataforma ou aplicativo para falhar rápido e, ao fazer isso, compreender melhor todos os ângulos da situação. Repetindo esse ciclo diversas vezes temos entregas cada vez maiores e mais assertivas.

Erre rápido para aprender ainda mais rápido para cocriar soluções relevantes.

Se o trabalho constante leva à inovação até mesmo por acidente, imagine, então, com uma execução monitorada e debatida em cima das métricas de cada semana do desenvolvimento.

Disrupção histórica

Procure pelas histórias da ‘invenção’ de produtos como post-it, microondas, raio-x, marca-passo e penicilina. São soluções que a princípio “deram errado”, ou foram criadas para outros fins, mas encontraram seus lugares no mercado. Todos estes exemplos deixam claro como a inspiração muitas vezes acontece só depois de muita ‘transpiração’, pois é preciso assumir a rotina de ciclos contínuos de tentativa e aprendizado.

Aliás, esse é o foco: aprender ao longo de um processo, otimiza-lo, facilitar uma rotina. Isso é inovação - e não criar vínculos de dependência, especialmente quanto à manutenção da solução criada.

A novidade como cultura transversal da sua instituição

Também não devemos pensar em um departamento responsável por inovar, mas sim criar condições para permitir que as ideias floresçam em qualquer lugar, vindo de qualquer pessoa.

Trazer a tal “mentalidade transformadora” para o dia-a-dia de todos os envolvidos é primordial. Afinal, há espaço para melhorias e otimizações em quaisquer lugares ou departamentos.

O pensamento é sobre construir produtos, não projetos. Não é à toa que produtos têm ciclo de vida perene, enquanto projetos têm data para começar e acabar, estando sempre diretamente ligados a um orçamento limitado ao seu escopo inicial.

Se faça a seguintes perguntas: “Inovar deveria ter dia para terminar?” Ou ainda: “Inovar deveria depender da fila por ‘capex’? Por que ficar distante da operação?”

Quando falamos em empoderamento, em dar a voz a todos nessa cultura horizontal, precisamos criar ambientes psicologicamente seguros. Assim, todos se sentirão à vontade para contribuir com novas ideias.

Essa mudança de mindset pode ocorrer na sua equipe atual e também na hora de contratar novos profissionais. Prefira as pessoas certas e não os heróis, pois as habilidades importam muito mais do que os diplomas e a experiência pode ser substituída por potencial em vários casos.

Equipes multidisciplinares e diversas trarão pontos de vista diferentes, provocações distintas e assim será possível cobrir o maior número de pontos e perspectivas. Com isso, é bem menos provável que usuários ou funcionalidades não sejam mapeados e consequentemente não se adequem ao fim esperado pela aplicação, software ou plataforma digital.

Por fim, precisamos entender o design não só como disciplina estética, mas também como ferramenta para descoberta da melhor solução e usabilidade. Design é sobre pessoas e otimização de recursos.

Comece a fazer algo AGORA mesmo!

Empresas disruptivas são como um pequeno veleiro que vai na frente, experimentando os ventos de mares nunca navegados, para depois guiar o barco que vai garantir a navegabilidade do “transatlântico corporativo” e todas as suas idiossincrasias.

Portanto, arregace as mangas e comece a trabalhar neste exato minuto!

Tenha muito claro onde quer chegar, ou seja, tenha uma “mira” e saiba que ao longo do caminho terá que corrigir a trajetória. Afinal,  ser flexível e adaptável é o segredo do sucesso.

Pedrão Oliveira
Head of CX | Cuida da experiência em operações, cria estratégia e dá pitaco nos produtos digitais em concepção. Estuda veganismo, bitcoin e antropologia biopsicossocial, também é leigo-entendido em ciências e astronomia.