Como criar um ecossistema de inovação com hipercolaboração

Em ecossistemas de inovação, não competimos pela melhor ideia ou produto, mas pelos melhores parceiros, tecnologias e networks, a fim de cocriar soluções realmente inovadoras e gerar valor. Veja como a hipercolaboração ocorre na prática.
Cláudia Bär | 17 de setembro de 2020

Uma das principais características da atualidade é a hiperconexão. Graças a internet e outras tecnologias, conseguimos acessar, produzir e compartilhar um grande volume de informações em pouco tempo. Toda essa conectividade favorece a formação de redes e a hipercolaboração.

Hipercolaborar significa formar ecossistemas de inovação, onde todas as partes envolvidas contribuem para a solução de desafios. Nesse contexto, as empresas não competem pela melhor ideia ou produto, mas pelos melhores parceiros, tecnologias e networks para cocriar e gerar valor. O conhecimento, geralmente centralizado nas mãos de um único indivíduo, é desfrutado e transformado pelo coletivo.

Para Kolk (2017), se o mercado pede por respostas cada vez mais rápidas, um núcleo interno de inovação pode não responder a essa demanda. Precisamos abrir as portas e encontrar parceiros menos óbvios para inovar de verdade.

Quando somamos diferentes expertises, ganhamos agilidade, escala e conseguimos resolver problemas complexos como urbanização e mobilidade, por exemplo.

Esse foi o caso da martrixcargo, que em parceria com a ateliware e a ViaSoft desenvolveu uma plataforma digital para soluções logísticas. Vamos abordar esse case mais adiante. Por enquanto, vale revisitar alguns conceitos e conhecer as vantagens da hipercolaboração.

Mudar a estratégia ou mudar a cultura?

Momentos de crise e de incerteza provocam transformações profundas no contexto socioeconômico, influenciando hábitos de consumo e de investimento.

Provavelmente, você  já ouviu alguém dizer que toda crise é uma oportunidade, e realmente muitas empresas, de diferentes tamanhos e segmentos, estão adequando seus modelos de negócio (ou mesmo produtos) nesse exato momento.

Contudo, não precisamos apenas de uma mudança estratégica. Precisamos de uma transformação na cultura empreendedora, substituindo ego-sistemas por ecossistemas de inovação.

O que é um ecossistema de inovação?

Antes de responder essa pergunta, vamos relembrar o que é inovação. Usamos tanto essa palavra no dia dia que, muitas vezes, esquecemos ou confundimos seu real significado.

Inovar é entregar valor a partir de novas ideias, sejam elas novos produtos, serviços, modelos de negócio ou processos. Também podemos definir inovação como a habilidade de se adaptar às mudanças, ou mesmo **modificar o status quo. **

Se quisermos colocar isso em prática, vamos precisar de parceiros, envolvendo outros players na jogada. Aqui, temos startups, empresas, investidores, instituições públicas, universidades e, porque não, a própria comunidade.

Todas esses atores participam do processo de inovação trazendo suas perspectivas e contribuindo com diferentes recursos. Esse envolvimento forma o que chamamos de ecossistema.

Mas, não pense que esse modelo cria vínculos de dependência ou deixe de incentivar a competitividade. Muito pelo contrário. Em um ecossistema de inovação a competição inspira todas as partes a evoluírem continuamente.

Com isso, temos o fortalecimento de uma cultura ágil e pragmática, onde cada player tem autonomia para contribuir do seu modo.

Originalmente, o termo “ecossistema de inovação” era utilizado para designar um lugar onde a mágica acontecia, como o Vale do Silício, por exemplo. Entretanto, num mundo globalizado e hiperconectado podemos formá-los combinando partes de diferentes lugares ao redor do globo.

Hipercolaboração na prática

Todo modelo de atuação possui as suas próprias premissas - e com a hipercolaboração não seria diferente.

Para formar um ecossistema de inovação, precisamos de:

  • Um novo mindset, compreendendo que alguém em algum lugar no mundo já sacou o que funciona melhor, até que se prove o contrário;

  • Parceiros não-óbvios, de segmentos e tamanhos diferentes do seu, assim como universidades, institutos de pesquisa, fornecedores e clientes;

  • Tecnologias digitais que facilitem a colaboração e convergência de setores para cocriar soluções inovadoras em torno de necessidades de mercado importantes e robustas. Os veículos autônomos, por exemplo, estão se desenvolvendo em um ritmo rápido graças ao esforço colaborativo de empresas de diferentes segmentos;

  • Múltiplos níveis e significados de colaboração. Uma abordagem estratégica compreende qual é o papel de um ator ao longo de um processo. Ele não precisa agir, necessariamente, em todas as etapas. Também é importante entender que o envolvimento de um player pode mudar rapidamente. A Microsoft, por exemplo, começou como um fornecedor para a IBM;

  • Uma cultura de compartilhamento de informações e inteligência coletiva. Isso não quer dizer que você precisa revelar todos os detalhes do seu novo produto. Como já dissemos no item anterior, você é quem determina até onde os players podem ir.

Maior, melhor e mais rápido: Vantagens de um ecossistema de inovação

Entre as principais vantagens de um ecossistema de inovação, temos:

Mais velocidade

Com diferentes players atuando lado a lado ganhamos agilidade e escala. Além disso, também conseguimos antecipar e nos adaptar mais rapidamente às mudanças de mercado.

Economia de recursos

Digamos que você prefira fazer tudo por conta própria. Já parou para pensar na quantidade de recursos necessários? Tempo, equipe, treinamentos, tecnologias, ferramentas, investimentos… Quando hipercolaboramos recorremos aos nossos parceiros para obter o que precisamos. Com essa abordagem poupamos recursos.

Solução de problemas complexos

Como a hipercolaboração envolve diferentes atores (empresas, startups, fornecedores, usuários finais, etc), podemos solucionar problemas complexos, pois teremos diferentes visões e expertises atuando em conjunto.

Inovação real

Essa sinergia promove uma inovação real, isto é, uma inovação que entrega valor - e não apenas mais um novo produto ou serviço. Inovar é quebrar o status quo, é antecipar tendências e adaptar-se a elas para sair na frente, causando impacto positivo na vida dos usuários e no seu negócio.

Como nós fazemos

Esse ano, cocriamos uma plataforma digital de soluções logísticas colaborativas com a matrixcargo. Durante o processo trabalhamos em constante hipercolaboração com as demais fornecedores de tecnologia envolvidos, sendo um deles a Viasoft. Vamos descobrir como foi esta experiência?

Andrei Balbo, nosso engenheiro de software e team lead, contou que “em conjunto ao time da matrixcargo, a equipe de desenvolvimento atingiu o objetivo inicial em 5 meses, construindo não só um otimizador, como também toda uma plataforma de gerenciamento e um aplicativo para os motoristas”.

Manoel Souza, nosso CTO, comentou que “cocriar um produto é sempre um desafio e tem sido um imenso prazer construir junto com a equipe matrixcargo. Trabalhamos no aplicativo otimizador, que é uma inovação para o setor de logística, automatizando e acelerando as decisões de atendimento de demandas de carga. O resultado é uma diminuição considerável da margem de ociosidade da frota e temos certeza que muito mais ainda está por vir.”

Os CEOs das 3 empresas se reuniram online para discutir sobre o tema. Segundo Markenson Marques, da matrixcargo, “muitos empreendedores perceberam a importância da hipercolaboração. A gente faz tudo mais rápido, com menor custo, porque são divididos, e com uma grande vantagem: você nunca perde o investimento.”

Itamir Viola, da ViaSoft, destacou a importância da maturidade empresarial: “Quando você fala com empresas maduras, que sabem o que elas fazem, o foco em que elas atuam, qual é a especialidade dela, fica mais fácil pensar em hipercolaboração”.

Peterson F. dos Santos, nosso Founder & CEO, ressaltou o poder da coletividade: “Quando você entra nesse contexto, que é novo para todos, você constrói um ecossistema com todo mundo ganhando, todo mundo fazendo acontecer junto”.

Quer saber mais? Assista ao bate-papo na íntegra:

Hipercolaborar para inovar e crescer

As empresas que desejam se tornar ágeis precisam abraçar a hipercolaboração. Atuando ao lado de players estratégicos poupamos recursos e ganhamos velocidade e escalabilidade. A sinergia dessa troca, potencializa a inovação, gerando produtos e serviços disruptivos e com alto valor agregado.

Em um ecossistema de inovação, percebemos que as oportunidades mais promissoras são desenvolvidas coletivamente, puxando para perto as melhores empresas e parceiros de negócios.

Referências:

Cláudia Bär
Redatora | Designer, estrategista de marcas e produtora de conteúdo há 10+ anos. Estuda inovação, tendências de mercado, comportamento humano e é artista nas horas vagas.