Consumimos conteúdo visual e interpretamos e raciocinamos imagens na internet cada vez mais, mas ainda sim, para muita gente, o design é considerado um luxo, voltado a empresas que querem ficar mais bonitas. Gigantes como Google, Apple e Netflix discordam.
De acordo com o designer e escritor Scott Berkun (autor de How Design Makes the World), a melhor maneira de explicar como o design é importante para alguém é levando o design para o seu próprio mundo. Por exemplo, o que a pessoa gosta de usar, ter, vestir ou comprar e o porquê. O mais interessante dessa dinâmica é que a resposta sempre vai estar relacionada a decisões de design, como: “Gosto desse celular porque é mais fácil de carregá-lo. Tenho esse carro porque ele é mais confortável. Prefiro essa casa porque nela há um espaço maior na cozinha.”
Para um negócio, o inverso também é verdade: sabemos exatamente por que não usamos mais algum aplicativo, já que é difícil de consultar algo nele (ou não gostamos de um fone de ouvido porque a conexão com o celular é ruim ou o equipamento machuca a orelha). Todos esses problemas também são decisões de design.
Em um mundo onde um produto digital é disponibilizado para todos e empresas podem atender milhões de pessoas de uma vez só, ter uma maneira de desenhar e mensurar a satisfação de todas essas pessoas é muito importante.
Sendo assim, de acordo com um estudo da McKinsey, o valor do design pode ser medido através de quatro proposições variadas. Confira algumas.
Pautada por detalhes de dados de usuário, performance das jornadas de atuação de um produto e um time de análise capaz de transformar métricas rigorosas, comparadas a um investimento real, em sinais de performance financeira.
O entendimento de que o processo de design não é exclusivo ao time de UX/UI, de que se estende a todos os colaboradores envolvidos em um produto digital desde a organização do time de desenvolvimento até a experiência de venda.
Não somos idealizadores do processo de design. Somos ouvintes. Por isso, o processo de descobrimento, entendimento e repetição do design através do feedback que recebemos dos usuários finais é uma das bases de uma ação eficaz.
Não importa o quão legal fica o desenho na tela. Se não tem sentido para quem usa, não funciona. Trabalhar a experiência final significa entender para quem estamos desenhando esse produto, o porquê e grudar esse objetivo em uma bússola como o norte do projeto.
Por fim, o equilíbrio entre as quatro metodologias citadas resulta em um produto de design com valor mensurável.
Uma das funções principais do designer (seja gráfico, UX, UI ou de Interação) é traçar um objetivo usando algum meio (físico ou digital) que solucione um problema e gere valor para um negócio.
Embora a qualidade visual de um produto seja subjetiva aos olhos do usuário, a proposta de valor não é.
Te dou 2 reais para cada 1 real que você me dá. Você aceita esse negócio?
No exemplo acima, a proposta de valor é tangível e norteia um negócio para aquilo que vale mais para os seus usuários/clientes. O nosso papel é tornar claro qual é o valor envolvido nesse processo.
Você pagaria R$ 100 por um botão de paletó velho? Sabiamente que não. Mas e se você soubesse que esse botão pertenceu ao renomado cantor da banda Queen, Freddy Mercury? Ou quem sabe ao seu avô e traz memórias da sua infância que você nem lembrava que existiam mais?
Por esses e outros motivos entendemos também que valor é algo subjetivo, atrelado ao comprador, não ao produto. Não existe uma solução para todos, apenas para os clientes que se identifiquem com o seu produto.
Mas, então, como faço para encontrar compradores que valorizem o produto/serviço que ofereço?
A melhor maneira de atingir o objetivo do seu comprador ideal é o uso de dados e métricas de experiência do usuário. É através deles que uma equipe de design é capaz de tomar decisões que vão além das aparências e solucionem dores dos usuários que mais se relacionam com o seu tipo de negócio.
A capacidade de medir o sucesso de uma decisão de design é um dos maiores pontos de valor que podem ser gerados para uma empresa. Essa análise racionaliza as decisões tomadas e revela o que incomoda o usuário. O resultado é um produto amável, que fica na memória do seu usuário e que gera retorno muito superior ao seu negócio.
Companhias operadas com base em design têm a performance superior à das presentes ba S&P 500 por 211% (DMI)
Cada dólar gasto em UX rende entre US$ 2 a US$ 100 (Peter Eckert - Fast Company)
Negócios focados em design aumentam suas rendas 32% mais rapidamente do que seus concorrentes. (McKinsey)
Essa ideia de passagem de avião chama muito mais atenção do que a versão impressa em preto e branco. Por que não atualizamos esse design?
Hoje em dia, vemos cada vez mais interfaces bonitas, que chamam a atenção - e às vezes caímos no equívoco de pensar que, se algum design é mais simples ou antiquado, ele é um design ruim. Veja, por exemplo, o design dos tickets de aviões. Muita gente diz que o design é ultrapassado e que poderia ser mais moderno, talvez até substituído por um app. Mas o verdadeiro motivo dessa aparência quando se fala de cartões de embarque é a necessidade de que sejam todos lidos pelas máquinas dos aeroportos ao redor do mundo, que nem sempre vão ser de última geração. (Scott Berkun - How Design Makes the World).
Então, o design pode sim ser um luxo ou uma maneira de deixar a sua empresa mais atraente em um mercado competitivo, mas, ainda sim, o design é hoje uma ferramenta subutilizada, que vai além do que vemos. Ele engloba decisões voltadas para a experiência ideal do usuário final, gerando um nível de satisfação que pode mudar o curso de um negócio. Graças às ferramentas das quais dispomos, somos capazes de medir exatamente como esse valor determina o sucesso de um produto digital.