As emoções fazem parte das nossas vidas, afetando a forma como pensamos, interagimos, sentimos e nos relacionamos. Essas sensações não se limitam somente ao mundo físico, ao interagir com uma interface tendemos a nos comportar de forma similar quando nos comunicamos com outras pessoas. O livro sobre Design Emocional, "Design for Emotions" de Aarron Walter, adapta a hierarquia da necessidade de Maslow e cria a pirâmide de necessidades do usuário, como vocês podem ver abaixo:
Ele fala que a característica básica de qualquer produto é sua funcionalidade, por isso essa característica fica na base da pirâmide, na sequência vem a confiabilidade, onde nos questionamos se aquele produto pode ou não ser confiável de usar. Seguindo, então, para a usabilidade, onde interagimos com o produto e distinguimos se, para nós, é fácil ou difícil de usar. Por fim, no topo da pirâmide temos o prazer, que transmite a forma como nos sentimos ao interagir com o produto.
Por isso, tão importante quanto pensar nas funcionalidades da interface e na estética dela é essencial procurarmos maneiras de humanizá-la. Converse com o usuário, faça-o sentir parte de algo.
Pela perspectiva do Design Digital entendemos que ao entrar em contato com uma interface, estabelecemos uma relação de troca com ela e agregamos aspectos emocionais de forma inconsciente que, por sua vez, influenciam diretamente na interação do usuário, afetando a experiência de forma positiva ou negativa.
Para exemplificar a influência da resposta emocional na experiência do usuário e porque algumas produtos físicos e digitais agradam mais do que outros, Don Norman, em seu livro "Emotional design: Why we love (or hate) everyday things" separa essa resposta emocional em 3 níveis emocionais:
Trata do primeiro impacto que um produto nos causa. Nesse estágio de interação são analisadas as características visuais da interface, e nos faz julgá-la rapidamente, sem uma avaliação profunda. Por tanto, aqui são resgatadas impressões relacionadas à experiência, vivência e cultura do usuário.
"Um produto que atraia a pessoa nesse nível intuitivo pode fazer com que os usuários superem problemas de usabilidade".
Diferente do nível Visceral, que aborda nosso subconsciente. O nível comportamental, trata a experiência de uma maneira mais tangível. Onde diferentes tipos de emoções afloram diante da interação do usuário. Aqui, a usabilidade é super importante, o que conta é o desempenho do produto, reconhecendo as qualidades, funcionalidades e a satisfação que o usuário sente ao interagir com a interface.
No nível reflexivo voltamos ao subconsciente. O terceiro nível trata das reflexões de ações tomadas pelo usuário anteriormente. Abrangendo as memórias afetivas e os significados culturais e individuais atribuídos ao seu uso.
Dito isso, como podemos utilizar o Design Emocional como uma ferramenta para o desenvolvimento de produtos digitais? Bem, você pode seguir essas dicas:
O uso de elementos visuais de forma adequada estimula uma conexão entre o usuário e a interface. Tente transmitir aquela sensação de "amor à primeira vista". Capriche na UI do seu produto e fique atento à hierarquia visual.
Projetar micro interações não é sair animando interfaces por aí. Existe um cuidado, um entendimento do público alvo e do tom de voz da marca. As micro interações transmitem uma resposta direta, agradável e sutil ao usuário resultando em sensações positivas, essencial para a efetividade de uso do produto.
No meu artigo sobre UX writing aqui no blog falo da importância de dialogar com o usuário de maneira humanizada. Ajude o usuário a completar seu objetivo e atender suas expectativas. Direcione o caminho, apresente o conteúdo com clareza, sem enrolações.
Para evitar frustrações e alcançar as expectativas é importante entendermos quais serão os objetivos do usuário e quais necessidades a interface deve satisfazer. Com feedbacks, por exemplo, orientamos a navegação e atualizamos os usuários de suas ações. Se algo deu errado é dever da interface amenizar esse sentimento, e possibilitar uma forma de retorno ao passo anterior.
Portanto, é essencial que os 3 níveis (visceral, comportamental e reflexivo) estejam alinhados e bem projetados. Devemos entender as emoções como uma "ferramenta" de Design e projetar interfaces que proporcionem experiências positivas que façam o usuário voltar a usar o produto e indicar para outras pessoas. Assim, o Design Emocional te ajuda a buscar bons resultados e entregar valor e sucesso ao seu produto.