Como se tornar um desenvolvedor full stack?

Um desenvolvedor full stack é aquele que atua no front-end, back-end, banco de dados e mobile. Por ser um profissional bastante versátil, cada vez mais empresas contratam seus serviços. Mas, como é o dia a dia de um full stack? E quais habilidades você precisa desenvolver para atuar nessa área? Confira nosso post e descubra!
Cláudia Bär | 1 de dezembro de 2020

Desenvolvedores full stack são cada vez mais requisitados, já que muitas empresas preferem de contratar profissionais que conseguem enxergar o produto como um todo, e não apenas uma parte dele. Além de entender muito de engenharia de software e programação, o desenvolvedor full stack conhece todas as etapas da evolução de uma aplicação. Em outras palavras, ele domina muito bem a técnica e possui um olhar estratégico, sabe resolver problemas e propor soluções realmente eficientes, compatíveis com a necessidade do negócio.

Será que você tem este perfil? Acompanhe as próximas linhas e descubra!

Full stack: o profissional 2-em-1

O termo ‘full stack’ foi cunhado por Carlos Bueno, colaborador do Facebook, em 2010. Em inglês, ‘stack’ significa ‘pilha’ e, neste caso, se refere às tecnologias utilizadas para o desenvolvimento de softwares. ‘Full’, por sua vez, é o mesmo que ‘cheio’, ‘completo’, e serve para descrever desenvolvedores generalistas, que conseguem construir sozinhos uma aplicação completa.

Muitos o consideram um profissional 2-em-1, que trabalha com back-end e front-end. Mas, há também aqueles que incluem o domínio de todas as etapas de desenvolvimento de softwares, incluindo banco de dados, DevOps e mobile.

Talvez você esteja um pouco assustado pensando: ‘caraca! Eu tenho que saber tudo isso?!’, mas não se desespere. Na verdade, um desenvolvedor full stack não precisa ser um expert em todas essas áreas, mesmo porque, isso seria praticamente impossível. Você pode dominar uma delas e ter um conhecimento um pouco mais generalista sobre as demais, o suficiente para conseguir se virar. Profissionais com esse perfil, seguem o que chamamos de carreira em ‘T’.

O que um desenvolvedor full stack faz?

Como vimos, um desenvolvedor full stack tem conhecimento e experiência como back-end e front-end, mas também sabe como resolver problemas de ambientes e tecnologias os quais não é um especialista.

Essa visão do todo, permite que o full stack atue e tome decisões estratégicas em qualquer camada do software. Ou seja, ele pode agir em praticamente qualquer produto digital, desenvolvendo soluções completas internamente e externamente.

Entre as principais habilidades full stack, temos:

  • Consertar bugs de software, defeitos que podem interromper o funcionamento do produto;

  • Resolver gargalos de performance, identificando falhas de código que diminuem a performance e limitam a capacidade de atendimento ao cliente;

  • Melhorar a escalabilidade, mapeando possíveis falhas de infraestrutura;

  • Trabalhar a manutenibilidade, adotando boas práticas de codificação para não limitar a capacidade de evolução e de adaptação dos softwares à novas demandas.

O que aprender para ser um desenvolvedor full stack?

Se estas são as atividades que um desenvolvedor full stack realiza, então, o que ele deve aprender?

Entre suas principais áreas de conhecimento, temos:

Desenvolvimento Front-End

Este campo envolve a criação das ‘partes frontais’ de software, isto é, os conteúdos que o usuário visualiza na tela do computador, tablet ou celular ao acessar uma plataforma.  As linguagens mais comuns de desenvolvimento front-end são: HTML, CSS e JavaScript.

Enquanto o HMTL e o CSS são utilizados para definir o layout e aparência de uma página o JavaScript é empregado para implementar e controlar conteúdos dinâmicos, como gráficos animados, formulários interativos, etc.

Vale lembrar que a evolução destas tecnologias permitiu interfaces baseadas em componentes reutilizáveis e com arquiteturas cada vez mais robustas. Ao mesmo tempo, também melhorou a experiência do usuário.

Outras tecnologias de front-end utilizadas atualmente são as bibliotecas e frameworks Angular, React e Vue.js, todas elas baseadas nas linguagens de JavaScript e/ou TypeScript.

Desenvolvimento Back-end

Enquanto o front-end fica com a interface, o back-end atua ‘nos bastidores’, pois lida com todos os aspectos por trás das cenas de softwares e apps.  Ou seja, o back-end se refere à infraestrutura interna de software, assim como a autenticação, regras de negócio e persistência de dados.

Hoje, a maioria das tecnologias back-end se comunicam com o front a partir de API’s (Application Programming Interface) do padrão REST ou GraphQL.  Geralmente, os dados são trafegados no formato JSON (JavaScript Object Notation). E as linguagens de programação mais utilizadas no desenvolvimento back-end são Python, Ruby, Java, JavaScript, C++ e PHP.

Aqui na ateliware nós não temos linguagens de estimação, mas indicamos o Ruby quando precisamos desenvolver rapidamente uma aplicação web ou uma API. Isso porque essa linguagem possui ótimas ferramentas e bibliotecas prontas, configuração de um ambiente completo de CI/CD e um ambiente de produção que também pode ser construído de maneira rápida. Saiba mais.

Bancos de dados

Alguns desenvolvedores full stack também atuam com bancos de dados, que são sistemas especializados em coletar e recuperar informações utilizadas em um ou mais projetos. Além disso, permitem a geração de relatórios com informações estratégicas sobre a evolução do software. As vertentes existentes atualmente são SQL e NoSQL Databases.

Geralmente, o NoSQL é focado em uma abordagem mais aberta e dinâmica dos bancos de dados. Já o SQL, por sua vez, segue uma estrutura mais ‘rigorosa’, onde as tabelas têm que ser organizadas de forma ‘fechada’ e, muitas vezes, ‘normalizada’ Isso quer dizer que, para trabalhar com essa base de dados, você precisa respeitar determinados constraints para referenciar uma tabela a outra.

Já os dados no NoSQL podem ter armazenamentos tão simples quanto em forma de Json, ou também podem seguir uma estrutura definida pelo NoSQL em questão no momento.

Antigamente, havia uma profissão específica para o banco de dados (o DBA) que atuava apenas com o banco e sua performance. Mas, com o tempo, o desenvolvedor back-end foi absorvendo essa parte, e hoje é natural que ele saiba sobre banco de dados (SQL e NoSQL).

DevOps

É o nome dado a todas as atividades relacionadas a infraestrutura: manter o sistema em produção ou não, configurar o ambiente e fazer todas as atualizações necessárias. O profissional DevOps também fica responsável por cuidar do ambiente de testes e staging. Além disso, deve fazer a manutençåo do deploy e cuidar para que o software seja atualizado gerando o menor impacto possível.

Ao trabalhar com sistemas mais complexos, é comum e importante adotar técnicas de modularização, como microsserviços, ‘quebrando’ as funcionalidades de um software em partes menores, para que sejam trabalhadas uma a uma, aumentando a coesão e diminuindo o acoplamento do sistema. Dessa forma, caso uma parte do sistema fique fora do ar, ele não vai parar por completo, o que evita inúmeras dores de cabeça.

Mobile

Aqui temos a criação de aplicações para dispositivos móveis. Essa tecnologia pode ser definida como uma alternativa ou complemento ao front-end web. Porém, o desenvolvedor full stack em mobile, que é focado nessa parte, resolve problemas relacionados à colocar o app na loja, performance e outros gargalos.

As tecnologias mais utilizadas para a construção de soluções mobile são: Flutter, Kotlin,  Cordova e Swift. A opção escolhida vai depender do ‘gosto do freguês’. Além disso, ao desenvolver aplicações mobile, o profissional full stack utilizará frameworks variantes dos web, como o React Native.

Além dessas hard skills, o desenvolvedor full stack deverá ter habilidades como:

  • Saber trabalhar em equipe;

  • Curiosidade e vontade de aprender;

  • Perfil investigativo, pois nem sempre vai resolver problemas fáceis;

  • Agilidade;

  • Flexibilidade;

  • Saber resolver problemas;

  • Ter métodos e processos para organizar e otimizar o trabalho;

E, claro, estar a par de novas tecnologias, linguagens e ferramentas.

Conheça as hard skills e soft skills que um desenvolvedor de software deve ter. 

Como é o dia a dia de um profissional full stack?

Já sabemos o que um desenvolvedor full stack faz e quais habilidades ele deve possuir, mas, como ele aplica todos estes conhecimentos? Como seria um dia na vida de um full stack?

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Bem, para responder essa pergunta, precisamos considerar o produto no qual ele está trabalhando. O full stack pode desenvolver um software do início ao fim, como também contribuir para partes específicas dele. No primeiro caso, sempre que houver alguma dúvida específica ou um problema muito complexo, poderá recorrer a alguém mais experiência para resolver a situação.

Além disso, este tipo de desenvolvedor pode trabalhar na manutenção e atualização de softwares, ou ainda, no levantamento de requisitos junto ao cliente. Isso quer dizer que o profissional full stack não está, necessariamente, preso às funcionalidades. Ao atuar na concepção estratégica de um produto digital, ele precisa entender as regras do negócio, qual é o objetivo do cliente  e o que fazer para chegar lá. Essa compreensão gera maior agilidade no dia a dia de trabalho.

É importante ressaltar que o desenvolvedor full stack é um resolvedor de problemas de software e problemas digitais. Em muitos casos, ele não vai saber resolver a situação de cara, mas, como ele possui um entendimento do todo (front-end, back-end, bancos de dados e DevOps), saberá onde pesquisar referências para encontrar uma resposta.

Por esse motivo, o full stack é um profissional bastante flexível. Ele não segue um processo engessado, pelo contrário. Para cada tipo de produto que será construído, ele terá uma carta na manga.

Por que ter um desenvolvedor full stack na sua equipe?

A versatilidade do desenvolvedor full stack o torna um profissional muito interessante para as empresas, pois ele tem todos os conhecimentos necessários para manter um produto funcionando. É ideal para times pequenos ou para empresas que precisam de dinamismo na hora de resolver problemas.  Além disso, possui uma visão ampla do negócio, sendo capaz de compreender as demandas de um software em diversas camadas.

Esse olhar estratégico facilita a tomada de decisões, fazendo com que os líderes entendam melhor o que a empresa precisa, onde estão os problemas e as oportunidades. Do ponto de vista empresarial, isso pode ser um grande diferencial competitivo! Afinal quando falamos em inovação, transformação digital e desenvolvimento de softwares, não nos referimos apenas às tecnologias em si, mas também as pessoas incríveis que fazem acontecer.

Por isso a importância do trabalho em equipe, algo que valorizamos muito por aqui. Um desenvolvedor full stack não deve trabalhar sozinho. Dividir conhecimento e trocar ideias com profissionais da mesma área (full stacks ou não) é uma experiência enriquecedora, que não apenas facilita a resolução de problemas, como também potencializa a inovação.

Cláudia Bär
Redatora | Designer, estrategista de marcas e produtora de conteúdo há 10+ anos. Estuda inovação, tendências de mercado, comportamento humano e é artista nas horas vagas.